Prodesan S/A






‘Reis do asfalto’ de Santos dão suor e fazem história na usina que nivela as ruas da Cidade (Publicado em A Tribuna)

A fábrica da Prodesan completou 50 anos de atividade no último dia 1º

Por Gabriel Fomm

A usina da Prodesan completou 50 anos de atividade. Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Uma vida baseada em asfalto. Essa é a história do eletricista de manutenção Luiz Fernando Matos da Silva, de 60 anos, que trabalha há 32 anos na usina de asfalto da empresa de economia mista Progresso e Desenvolvimento de Santos (Prodesan), controlada pela Prefeitura. A unidade produtora de pavimento que fica na Alemoa completou 50 anos de atividade no último dia 1° de agosto.

A Prodesan foi o primeiro e único emprego da vida de Luiz Fernando, que começou na empresa aos 13 anos como patrulheiro e, dentro dela, se especializou para subir de cargo. “Tenho muito o que agradecer. É o lugar onde trabalho e cresci profissionalmente. Fui estudando para poder
acompanhar o ritmo e crescer. É a história de uma vida. A usina tem 50 anos e estou, praticamente, desde a fundação dela”.

O espaço inclui, atualmente, além da usina, o setor de manutenção (da usina, do maquinário e de veículos), laboratório, departamento administrativo, balança rodoviária (para aferir a tonelagem de massa asfáltica que será vendida), refeitório, vestiários e um almoxarifado.

“Primeiro trabalhei como técnico no edifício sede e, em 1991, vim para cá. Acabo nem percebendo o tempo passar, mas, de vez em quando, olho para trás e penso que faz muito tempo que estou aqui. Presenciei muitas situações e fico contente em poder colaborar. Minha felicidade é ver ela funcionando”, conta.

A história que move a vida de Luiz é a mesma que se espalha por cada rua de Santos. Afinal, a massa asfáltica do Município é fruto desse trabalho de anos. O padrão de qualidade da usina é garantido com manutenções periódicas aos sábados, quando não há expediente, além de um laboratório de testes diários de qualidade.

Atualmente, são produzidas 1 mil toneladas de asfalto ao mês e a expectativa é de que o número aumente neste segundo semestre. A empresa já chegou à marca histórica de fabricar 3 mil toneladas por mês. O gerente do Departamento de Conservação de Vias Asfaltadas (Dasf) da Prodesan, Raphael Khoury Gregorio, afirma que a produção deve aumentar pela expansão de demandas.

A Prefeitura de Santos utiliza uma média de 600 toneladas mensais para serviços viários (manutenção e pavimentação da via), que foi acrescido cerca de mil toneladas requisitadas por empresas privadas. Afinal, a Prodesan também fabrica a massa para uso fora do âmbito público. “Esse movimento de crescimento deve se acentuar, pois, pelo menos, outras quatro empresas já demonstraram interesse no produto”

Saboó foi um dos bairros por onde passaram equipes de Sepref e Prodesan. Neste mês, novo cronograma

Como faz?

A criação da massa começa dentro de um laboratório de controle de qualidade, instalado dentro da usina. São utilizados dois ingredientes: cimento asfáltico de petróleo (CAP), conhecido popularmente como piche, e pedras de três tamanhos (pó de pedra, pedrisco e pedras um pouco maiores).

“Os laboratoristas fazem o projeto com as porcentagens de cada material, usando balanças, peneiras para as pedras, entre outros equipamentos de precisão. O trabalho desta equipe continua com os testes do que foi produzido, como a resistência da massa quando colocada em uma prensa. Somente após essa e outras avaliações, começa a produção do material encomendado”, afirma o gerente.

As pedras utilizadas na receita são coletadas e levadas ao alto da torre da usina, onde há um conjunto de peneiras que as separa novamente para serem misturadas, dentro das porcentagens estipuladas no laboratório com o concreto asfáltico de petróleo. Depois passam por uma esteira que as leva até o supersecador, para retirar a umidade do material em uma temperatura de 900°C.

Na sequência, em uma temperatura de 160°C, a massa asfáltica é colocada dentro de um caminhão basculante e coberta com uma lona para não perder a temperatura ou endurecer. Apenas neste ano, 4,6 mil toneladas do produto foram produzidas, o equivalente a 83,7% do que foi produzido em todo ano de 2022, que foi 5,5 mil toneladas.

O número é positivo e mostra uma recuperação após a pandemia. Os balanços divulgados pela Prodesan apontam que, em 2020, a produção chegou ao total de 9,1 mil toneladas produzidas e, no ano seguinte, apenas 3,8 mil toneladas foram comercializadas durante o auge da pandemia.

Por conta disso, o diretor Administrativo-Financeiro da Prodesan, Carlos Alberto Ferreira Mota, descartou a possibilidade da produção de asfalto ser paralisada permanentemente. “Não há nenhuma proposta nesse sentido. A usina é parte importante do funcionamento da empresa, produzindo um material de alta qualidade, o que nos diferencia no mercado. Neste ano, após a turbulência gerada pela pandemia, a produção voltou a aumentar. Então as expectativas são positivas.”

Segurança

A usina opera há mais de 1.222 dias sem acidentes, o recorde anterior era de 980 dias. O técnico em segurança no trabalho Luiz Carlos Pascoal conta que está há 35 anos na Prodesan e atribui o sucesso da segurança profissional a uma série de cuidados que são tomados dentro da usina.

“O pessoal está muito consciente sob o risco que estão aqui. Investimos em equipamento de segurança e uniformes. Estamos bem orientados quanto a isso. Também fazemos treinamentos constantes. Temos funcionários treinados para trabalhar com altura e sobre instalações elétricas que são feitas aqui. Tem bastante treinamento”, reforça.

O técnico em segurança no trabalho, Luiz Carlos Pascoal, comemorando o resultado de seu trabalho. Foto: Vanessa Rodrigues/AT